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Foto do escritorBy: Gerson Almeida

TRATAMENTO DE ESGOTO VIROU PRIORIDADE PARA OS GESTORES, AFIRMA GEORGE CÂMARA

Ex-vereador de Natal e secretário adjunto de Planejamento do Estado aponta as distorções históricas nos investimentos ligados ao saneamento.

Se num passado não muito distante o saneamento básico representou para a maioria dos gestores públicos a maneira mais rápida de enterrar dinheiro de campanha debaixo da terra, daí não ter importância nenhuma para eles, hoje a história é muito diferente.


Pelo menos para o ex-vereador de Natal por três vezes e atual secretário adjunto de Planejamento e Finanças do RN, George Câmara, que na próxima segunda-feira, 23, lança, na Fundação José Augusto, o livro “Saneamento básico na região metropolitana de Natal”, o futuro de qualquer político hoje é o saneamento básico, mas da forma correta.


Autor do livro “Da janela da Metrópole”, pela editora da terra Flor do Sal, lançado há exatos 10 anos, esta nova obra de George Câmara, resultado de um estudo de pós-graduação do autor, que é mestre pela UFRN, promete dar o que falar pela assertividade com que aponta as distorções históricas que cercam o saneamento básico no RN à luz de uma visão regional, nacional e mundial do assunto.


Nele, o ex-vereador, um comunista histórico, aborda questões incômodas do saneamento básico na Região Metropolitana de Natal que, como ele diz, criou na capital grandes áreas de inclusão desses serviços, deixando dentro delas pequenas ilhas de exclusão expressas em comunidades como o Passo da Pátria e em áreas periféricas de dunas e elevações, onde há a ocupação desordenada do solo.


Segundo o autor, já na região metropolitana da capital, a situação se inverte e o que existe é uma imensa mancha de exclusão pontuada por algumas pequenas áreas de inclusão, resultado das péssimas políticas vigentes, da pouca alocação de recursos e da má aplicação desses poucos recursos destinados ao saneamento básico, que privilegiaram a universalização da oferta do serviço de abastecimento de água, mas esqueceram completamente a coleta e o tratamento dos esgotos.


“Estamos diante de uma questão tão transversal, com tanta conectividade com a saúde a e vida de milhões de pessoas, que é loucura não pensar que não se trate hoje da grande prioridade no vasto arcabouço das políticas públicas”, sentencia George Câmara.


Para quem vive em Natal e tem acesso pleno a água encanada, não imagina quão longe está de ver seu esgoto tratado, apesar de ter presenciado por longos meses as obras de ampliação da rede de coleta de esgotos que esburacaram as ruas do seu bairro para a instalação de canos.


Com exceção da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) do Baldo, na Zona Leste de Natal, entregue ainda durante o último governo Wilma de Faria, e que necessita de investimentos de manutenção, a nova ETE de Jundiaí/Guarapes (que tratará os esgotos das Zonas Oeste e Sul da capital) engatinha, quase parando.


A situação piora consideravelmente na região metropolitana, onde São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim e Extremoz têm Serviço Autônomo de Águas e Esgotos (SAAEs), exibindo áreas visíveis de abandono. A mesma situação também abrange Parnamirim e Macaíba, municípios cobertos por serviços da Caern.


Na chamada Região Metropolitana de Natal funcional (que compreende os seis municípios objeto da pesquisa de mestrado do autor), enquanto 86% da população dos municípios são atendidos pela Companhia de Águas e Esgoto (CAERN), os 14% restantes são atendidos pelos SAAE’s, exatamente onde as pesquisas de campo de George Câmara encontraram as tais manchas de exclusão preenchidas por pequenos pontos de inclusão.


“Considerando os R$ 2,5 bilhões investidos em saneamento básico durante os dois governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os outros R$ 81 bilhões investidos nos governos Lula e Dilma, é preciso entender que esse investimento teve, em parte, aplicações equivocadas”, conclui Câmara.


Segundo ele, o simples fato de historicamente no Nordeste – portanto, não só no RN – concretizar-se a universalização do abastecimento de água, mas sem a coleta e tratamento de esgotos, é o que pautará a grande preocupação dos gestores nos próximos anos.


Agora RN

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