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ENTREVISTA; IMPEACHMENT DE BOLSONARO NÃO É PAUTA, GARANTE ARTHUR LIRA. VEJA!

Candidato do PP à presidência da Câmara Federal comenta sobre os 60 pedidos de afastamento do atual presidente do Brasil. O deputado federal de Alagoas é apoiado, principalmente, por parlamentares bolsonaristas.

O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), candidato à presidência da Câmara Federal, afirmou que o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) não é pauta da sua campanha. O parlamentar defende o diálogo e o respeito aos interesses da maioria dos deputados, mas acredita que o processo em questão impactaria a estabilidade do País.


Lira argumenta que nenhum processo contra Bolsonaro avançou até o momento, pois o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não encontrou “nenhum fato grave, nenhum fato relevante” nos pedidos. A fala é dada em meio aos 60 protocolos de impeachment contra o atual presidente – 8 a menos que a recordista nesse quesito, a ex- -presidente Dilma Rousseff (PT), que teve 68.


O candidato do PP tem como principal adversário o deputado federal Baleia Rossi (DEM-SP) – apadrinhado por Maia. O bloco do parlamentar paulista reúne partidos que fazem oposição ao presidente, como o PT, que acordou, nos bastidores, apoio em troca da votação do impeachment.


Segundo Lira, há divergências internas nos partidos que declararam apoio a Baleia, a exemplo do PSL. Tal comportamento, de acordo com Lira, deve se repetir em outras siglas, como PSDB e PSB, já que os parlamentares integrantes “não foram ouvidos”. Como resultado, ele acredita ter votos de deputados do “outro lado”.


O parlamentar tem viajado o Brasil com o objetivo de articular, pelos menos, 257 votos para se eleger ainda no primeiro turno, a ser realizado no dia 1º de fevereiro. Natal fez parte do roteiro e foi visitada pelo candidato na última sexta-feira 15. Ele tem o apoio de 5 dos 8 deputados federais do Rio Grande do Norte – todos alinhados com as agendas do governo liderado por Bolsonaro.


Nessa entrevista, Arthur Lira comenta, ainda, sobre sua relação com o presidente, prioridade no mandato e a atuação conjunta com os demais poderes, caso seja eleito. Confira:


AGORA RN – Como será a relação com os demais poderes, caso eleito?


ARTHUR LIRA – As decisões do Legislativo são, hoje, do “eu”. As pautas são do “eu”. Um exemplo foi a discussão provocada pelo Legislativo sobre o processo de reeleição, quando a Constituição é clara (que não pode). E não houve, por parte da Câmara, uma defesa da Constituição, pois a pauta do eu estava imperando. Lógico que buscarei mudar essa prática, pois sei que terei o respaldo, o respeito e a parceria de todos os deputados para que as decisões tomadas sejam cumpridas. É de praxe eu abrir nossa entrevista falando que o poder legislativo vai manter sua altivez, seus espaços e seus limites, mas os limites precisam ser de todos. Olhando arquitetonicamente para a Praça dos Três Poderes, em Brasília, vemos que ela é um vazio atrás da Câmara, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto. Por qual motivo? Para que todos os poderes saibam que eles não tem limites para andarem naquela praça, mas que eles não podem invadir os limites do poder vizinho. Lógico que eu farei uma agenda, assim que eleito, com o presidente da República e com o presidente do STF. Contudo, nessas conversas, vamos estabelecer um convívio pacífico, harmônico, respeitoso e obediente aos limites de cada poder. Não vamos, a princípio, deflagrar guerra com ninguém. Vamos só estabelecer os nossos limites. A Constituição não tem que ser usada para diminuir o poder de ninguém. Deixando bem claro quais são os limites de atuação de cada poder, cada um deles trabalharão harmonicamente sem a interferência do outro, com muita tranquilidade e respaldo da maioria dos deputados.


AGORA RN – Quais reformas pretende priorizar ainda no primeiro trimestre de 2021, se eleito presidente?


ARTHUR LIRA – Nós temos um sistema de Código de Processo Eleitoral (CPE) confuso no Brasil. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte julga um assunto de um jeito diferente do Tribunal da Paraíba, por exemplo. Às vezes, decisões diferentes de ações iguais em um mesmo TRE. Por isso, precisamos começar no primeiro trimestre de 2021 uma discussão sobre a sistematização do CPE. Isso vai permitir maior autonomia da política sobre as eleições. Hoje, nós somos absolutamente tutelados. Nós temos decisões há um mês e meio das eleições que mexem em todo processo eleitoral. Se começarmos por essa sistematização para o unificar no Brasil, isso nos permitirá, ao longo dessa discussão, trazer as pautas que estão dificultando a vida da reforma política, que é essa questão eleitoral, do voto de legenda, da lista aberta ou fechada, por exemplo. Nós prometemos que essa discussão será aberta com antecedência para que não digam que não deu tempo de se discutir e votar. A obrigação do presidente é flexibilizar e dar condições para que o debate aconteça. Esse assunto vai ferver; eu não tenho dúvidas. Mas, com tempo, paciência e diálogo, nós haveremos de achar um caminho mais previsível partindo de um CPE.


AGORA RN – Há 60 pedidos de impeachment protocolados contra o presidente Bolsonaro, que tem lhe apoiado. Essa pauta terá espaço em mandato?


ARTHUR LIRA – Antigamente, o plenário decidia se recebia ou não de um processo de impeachment. Agora, esse processo é iniciado pelo presidente da Casa, que, após uma mudança, ganhou um super empoderamento. É descabível. Esse assunto (de impeachment) mexe com a economia e a estabilidade do País. Se o presidente Rodrigo Maia não tocou para frente 60 processos, nada ele viu ali para tocar. Por certo, ele não identificou nenhum fato grave, nenhum fato relevante que cause uma instabilidade (motivada por) um processo de impeachment. É um assunto que não é pauta da campanha, não é pauta desse momento da eleição, e não será assim, desse nível de coisa, que a gente vai discutir na Câmara. Eu acho que tem que votar o processo com autorização para o plenário sob qualquer risco de decisão.


AGORA RN – Espera que o apoio declarado do presidente à sua candidatura o eleja ainda em primeiro turno?


ARTHUR LIRA – O presidente Bolsonaro atua no poder Executivo. Essa eleição é interna dos deputados. Eu queria colocar bem claramente que eu peço voto aos 512 deputados. Não peço aos 513 porque não duvido do meu. Eu não tenho problema em pedir voto de parlamentares da direita, esquerda ou centro. Do alto ou baixo clero. Da bancada feminina, evangélica ou da saúde. Todo apoio é bem vindo. A única coisa que o Brasil precisa e que eu acho que a gente encarna é que nós temos previsibilidade de ações e de posicionamentos. Nós não vamos usar a cadeira da Câmara, nem a Câmara, para facilitar a vida de ninguém. E muito menos para prejudicar o país.


AGORA RN – O senhor tem viajado o Brasil para articular votos. Acredita que essa estratégia o fará conquistar votos da oposição?


ARTHUR LIRA – Na próxima semana teremos uma fotografia mais clara. O que eu costumo dizer nesse aspecto é que essa eleição não funciona por bloco, por presidente de partido, por governadores ou prefeitos. Ela funciona por voto a voto dos deputados. Como é uma eleição para o segundo biênio, os deputados já conhecem o perfil de quem eles querem para comandar a Casa. É preciso muita conversa, e nós estamos fazendo isso. Uma coisa que eu posso deixar claro é que o nosso bloco foi formado organicamente. Os partidos pensam igual. São partidos de centro. Nós nunca rechaçamos a ideia de ser centro, centrão ou centro democrático. Nós só não somos centro gourmet. Hoje vou comer peixe, amanhã vou comer camarão, depois de amanhã vou comer carne… não. Nós somos centro, e partidos de centro pensam igual, em resolver os problemas do Brasil de forma efetiva.


AGORA RN – Como analisa o bloco formado em torno do seu principal adversário, o Baleia Rossi?


ARTHUR LIRA – Notamos que no outro lado o bloco não foi formado; ele foi só noticiado. Então, um bloco para ser formado tem que ser como o nosso, que coletou as assinaturas da maioria de cada partido e protocolou na mesa. Lá isso não acontece, não tem bloco. Existe uma previsão, uma possibilidade. Quando as lideranças não consultam seus deputados, (e eles votam diferente da liderança), eles não são traidores, pois não foram ouvidos. E quando a gente não é ouvido, a gente toma a decisão que quer, já que “você não me perguntou, decidiu sozinho”. Então o que aconteceu no PSL, vai acontecer em mais um ou dois partidos do bloco de lá, pois nós sabemos claramente que há uma maioria que não concorda com o que foi definido, a exemplo do PSDB e PSB. Isso vai demonstrar o seguinte: se os deputados do meu bloco estão alinhados e os de lá estão em discordância, lógico que nós vamos ter a maioria. Eu não posso afirmar que serão 300 votos, mas nós teremos muitos votos.


Agora RN

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